Semana pela Democratização da Comunicação: As semanas

A Semana pela Democratização da Comunicação estimula e fortaleceo debate do direito à comunicação não apenas nos espaços acadêmicos, mas, principalmente, nas comunidades onde as atividades são desenvolvidas. A iniciativa cultural cresceu com o intuito de promover debates sobre os efeitos da atual configuração política e cultural da comunicação na sociedade e delinear espaços alternativos aos da mídia tradicional.
As Semanas Democom promovem um Direito Humano fundamental que é o Direito à Comunicação. A garantia deste direito é passo central para o respeito e a difusão de outros direitos. Como uma iniciativa cultural articulada a outras ações, a Semana Democom tem como função reunir atores interessados em discutir e empunhar essa bandeira. A grande proposta é fazer com que estudantes, professores e comunidade possam construir pautas comuns que garantam esse direito.
A democratização dos meios parte da premissa de que o Direito à Comunicação se baseia na prerrogativa de garantir a boa informação, mas também de ampliar a capacidade de informar dos diversos setores da sociedade. O debate que se pretende agendar compreende que a Comunicação é um processo de diálogo, no qual é necessário se garantir a expressão das diversas vozes. Todavia, o Direito à Comunicação difere do conceito de Liberdade de Expressão. Ele é mais amplo e leva em consideração que o espectro e a informação são bens públicos e devem ser garantidos a todos.

Como as discussões realizadas no curso de Comunicação Social limitavam o tema da comunicação a uma abordagem mais tecnicista e voltada para o mercado de trabalho no seu modo tradicional, o Coletivo COMjunto foi protagonizando, no curso de Comunicação da Universidade Federal da Paraíba, espaços como seminários, oficinas, palestras - a Semana Democom foi uma das suas principais atividades. As Semanas procuraram problematizar a Comunicação como Cultura. Pensar a comunicação em rede, em conexão com as diversas áreas que atravessam o pensamento comunicacional, na atualidade, é um dos grandes desafios das Semanas, devido à diversidade de pensamento que abarca a área.

Desta maneira, as programações foram frutos do intenso trabalho coletivo realizado pelos integrantes do Coletivo e entidades parceiras. Nosso objetivo foi tecer programações que estimulassem o debate cultural e político, apontando a arte como uma alternativa ao modo tradicional de pensar a comunicação, envolveu os estudantes integrantes do coletivo. Realizamos palestras, trouxemos professores renomados de outras Universidades Federais, assim como profissionais da área da Comunicação.

Dentro das Semanas, as atividades culturais ganharam destaque. A articulação com outros coletivos estudantis e culturais da cidade, com os diversos cursos da graduação, com destaque para os de psicologia, teatro, medicina e artes, e com a estrutura física da universidade, possibilitou momentos públicos de arte, criatividade e inovação. “O cinema de casa vai à praça”, por exemplo, que, na primeira edição da Semana, foi realizado apenas dentro da universidade devido à falta de apoio financeiro, ganhou corpo próprio e levou discussões sobre o nordeste, gênero, conhecimento e universidade para comunidades da periferia de João Pessoa (Jardim Veneza, Bairro São José, Penha), nas edições seguintes. Com a parceria do Projeto Cinestésico, tivemos acesso ao acervo cinematográfico paraibano e circulamos, nas praças e nas ruas, com a produção do cinema local. Além do cinema, inserimos nas Semanas Democom palestras em espaços abertos da universidade que possibilitaram o envolvimento com a música e o teatro.

A valorização da cultura regional sempre esteve presente nas Semanas. Os momentos artísticos com bandas locais, grupos de cultura regional - coco, ciranda, cavalo marinho - foram abertos ao público, assim como os momentos de seminários, apresentação de trabalho e as palestras. O acesso público e gratuito foi definido desde a primeira edição da Semana Democom, tendo em vista que o nosso compromisso com a sociedade é de pensar espaços cada vez mais democratizantes. A Semana Democom não foi pensada como um meio lucrativo, por este motivo nunca cobramos nenhuma taxa de inscrição das pessoas que se interessavam em participar, mesmo tendo custos que muitas vezes pareciam enormes para uma iniciativa que não tinha nenhum recurso financeiro reservado.

Estudantes de graduação, de ensino médio e fundamental, pessoas das comunidades onde realizamos atividades, movimentos sociais locais e nacionais, coletivos estudantis e organizações políticas tradicionais se fizeram atuante nos espaços. Buscamos pensar a universidade como um ambiente dinâmico e de livre acesso, embora a cada passo dado, a barreira que separa as atividades da universidade da dinâmica da cidade ainda permaneça.